segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vandalismo afasta curitibanos das áreas de lazer

“O que vemos aqui é vandalismo. Um local que deveria ser de encontro de pessoas e que está dominado pela molecada sem responsabilidade. Tivemos que nos cercar de grades. Não há mais o convívio social nas praças”. O relato é do empresário Guilherme Antonio Zanuzzo, de 30 anos, que há 15 trabalha em uma empresa que fica em frente à Praça Jardim Ambiental, no bairro Alto da 15, em Curitiba. Antes um local de convívio entre moradores, os freqüentadores do local afirmam que é cada vez mais comum conviver com barulho alto, pessoas bêbadas, depredações, carros estacionados irregularmente e consumo de drogas.
Guilherme, por exemplo, colocou uma placa pedindo para que não estacionassem em frente à garagem de sua empresa e ela foi queimada. “Pega mal porque os clientes ficam com medo”, explica. João Carlos Silva, de 69 anos, concorda. “Falta fiscalização. Nós ligamos e pedimos, mas é difícil sermos atendidos”. Além disso, João Carlos ainda ressalta a sujeira da praça, especialmente nos finais de semana. Segundo ele, grande parte do lixo é de garrafas de bebidas alcoólicas.

Segundo a Prefeitura de Curitiba, a cidade possui cerca de 900 praças, pracinhas e jardinetes. Mas estes locais, criados com o objetivo de serem espaços de lazer e de convívio de pessoas, estão com esse papel cada vez mais distante devido ao receio e falta de cuidado. De acordo com a Prefeitura, caso o cidadão tenha qualquer reclamação sobre os logradouros públicos do município, basta ligar para o telefone 156 e registrar sua reclamação para ser atendido. Porém, na prática, não é o que parece.

Guilherme, da Praça Jardim Ambiental, disse que sua vizinha da frente se mudou porque não agüentava mais reclamar e não ser atendida. “Fizemos abaixo-assinado, todos reclamam na Prefeitura e não vemos fiscalização ou monitoramento da Guarda Municipal”, fala. Esta praça, em especial, tem muitos problemas com usuários de drogas e adolescentes que saem dos bares localizados na Rua Itupava.
“A Itupava (rua) está virando um outro roteiro de bares e restaurantes da cidade. Acho bacana, só que se a Prefeitura quer investir em turismo e deixar a cidade mais bonita, tem que saber cuidar dos problemas que se originam disso”, critica Guilherme. 
Em locais mais calmos o problema não é diferente. Lucia Reginaldo, de 64 anos, mora no bairro Água Verde há seis anos e conta que há duas semanas foi assaltada enquanto passava pelo jardinete localizado no cruzamento entre as ruas Maranhão e Espírito Santo. “Fui assaltada num domingo às 11 horas da manhã com uma faca. E não foi a primeira vez”, explica.
Para Lucia, o espaço, que deveria ser usado para os idosos conversarem e os pais levarem seus filhos, perdeu seu maior objetivo. “Muitos marginais ficam usando drogas aqui. É deprimente ver um bairro bom como este ficar desse jeito. Estou sem esperanças”.
O problema da marginalidade neste local do Água Verde é tanto que os moradores organizaram um abaixo-assinado para extinguir o jardinete e transformar o espaço em extensões das ruas, que hoje são sem saída. Dirce Maria Lubczyk está recolhendo as assinaturas para o documento que será entregue para a Prefeitura. “Eu não me arrisco a passar por ali a pé. Vários moradores já tiveram problemas. Esperamos que haja uma solução”.

No bairro Jardim Social, o bosque do Portugal passa pelo mesmo problema. Daltri Chaves, de 40 anos, trabalha há um ano na região e conta que quando chega para trabalhar já viu usuários de drogas e até casais fazendo sexo no local. O bosque ainda conta com outro grande problema: um esgoto a céu aberto no meio da trilha.
Importância — Cesar Paes Leme é presidente da Associação de Moradores e Amigos do São Lourenço e coordenador de ações ambientais da União das Associações de Moradores da região Norte e lamenta que os espaços ajardinados estejam se extinguindo. Além do papel social, ele ressalta que eles devem ser mantidos porque contribuem ambientalmente para a cidade.
“De cada 100 litros de chuva que caem em espaços com grama, 80 ficam. Com a mesma quantidade caindo em asfalto, 95 litros são repelidos e apenas cinco absorvidos”, exemplifica Paes Leme, que ainda lembra dos constantes problemas com inundações que Curitiba e outras cidades do País vem sofrendo.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba ressalta que quatro viaturas estão disponíveis em cada uma das nove regionais da cidade para as rondas, além de quatro do Grupo de Operações Especiais (GOE) e mais 27 motocicletas. Eles monitoram os logradouros públicos da cidade de acordo com escalas, que são fechadas a cada mês. Em caso de emergência, o cidadão deve telefonar para o 153 e relatar o caso para que a viatura mais próxima se desloque até o local para atender a ocorrência.

Fonte: http://www.bemparana.com.br/index.php?n=183359&t=vandalismo-e-falta-de-seguranca-afastam-curitibanos-das-areas-de-lazer-

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